quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Malaca

Depois de sensivelmente um mês a viajar pela Indonésia, a viagem aproxima-se vertiginosamente do seu final. Para trás fica um mês muito intenso e repleto de momentos para sempre eternizados na minha memória e que um dia serão por certo recordados com uma saudade imensa.
Foi precisamente no último dia em Bali e a caminho do aeroporto que encontro portugueses nesta viagem, mas ao contrário de mim ainda estão a meio das suas férias. Foi bom voltar a falar a língua de Camões depois de um mês em que certamente melhorei o meu inglês...o que também não era difícil :-).

 
Centro historico de Malaca

É essa mesma língua de Camões que me faz ir até Malaca ao encontro do nosso legado e da nossa história. Outrora importante porto marítimo nas ligações comercias entre a Ásia e a Europa, Malaca esteve sob domínio português entre 1511 e 1641.
Igreja de Sao Francisco Xavier
 
Por si só Malaca merece uma visita, ou não fosse considerada Património Mundial pela UNESCO. Este titulo atesta bem do que a cidade tem para oferecer não só em termos históricos, mas também arquitectónicos e cultural. A fusão de várias culturas ao longo dos séculos tem como resultado a Malaca dos dias de hoje.
Enquanto português o verdadeiro fascínio de Malaca é o facto de a nossa presença, e passados 500 anos, não se resumir 'apenas' a alguns dos principais monumentos da cidade. Tal facto deve-se à comunidade de descendentes portugueses, cerca de 2000, que ali reside e que vai mantendo acesa a chama da nossa cultura, geração após geração. O que aqui acontece é um verdadeiro milagre difícil de explicar, ora notem: os holandeses estiveram aqui depois de nós, uma vez que nos conquistaram Malaca, e durante mais tempo mas no entanto a sua presença esta resumida a monumentos e o mesmo se verifica com os britânicos. O único e verdadeiro contacto que estas gentes tem com Portugal e com a nossa realidade fica resumida aos turistas portugueses. Não tem contornos de milagre?! :-)
 
Nome de rua no bairro portugues

O orgulho e o brilho nos olhos quando falam de Portugal não deixa ninguém indiferente e alimentam o sonho de um dia conhecer Portugal, aquele que os seus antepassados deixaram embutidos num enorme espírito de aventura e conquista.
Como eu já esperava, a comunicação não é de todo fácil e tirando as palavras mais básicas é bastante difícil o diálogo até porque como os próprios reconhecem, o 'seu' português não é mais que um dialecto local. Mas a sua simpatia e vontade em agradar derruba qualquer barreira, mesmo a linguística.
Na actualidade as crianças que frequentam a escola da comunidade de descendentes portugueses, aprendem o português falado e escrito numa tentativa de não deixar morrer a língua de Camões e alguns dos seus costumes por estas paragens.
 
A Famosa - Entrada do antigo forte

Para finalizar este já de si longo post, este é o ultimo que escrevo desta viagem pelo continente asiático, uma vez que amanhã regresso ao nosso pedaço de terra à beira mar plantado.
Aproveito estas últimas linhas para agradecer a todos os que foram seguindo esta minha aventura e suas desventuras através deste blog.
Da minha parte foi com enorme prazer que fui partilhando esta experiência.

NL

1 comentário:

  1. Depois da forma entusiástica como nos foste descrevendo a tua viagem, terminaste com "chave de ouro" e na nossa língua :) beijinhos e boa viagem!

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